terça-feira, 8 de outubro de 2013

Energético x Saúde



Nos dias de hoje as pessoas vivem procurando maneiras de fazer o tempo disponível render. Uma delas é mandar energéticos goela abaixo para ficar a mil. O indício de que se trata de um comportamento cada vez mais corriqueiro vem do Serviço de Administração em Abuso de Substâncias e Saúde Mental, nos Estados Unidos. Em um documento recente, o órgão revela que, entre 2007 e 2011, aumentou em 279% o número de indivíduos acima de 40 anos visitando o pronto-socorro após a ingestão da bebida. Prova de que não são apenas os jovens que se entopem de latinhas. A situação americana está longe de surpreender especialistas brasileiros. Afinal, essa parece ser uma realidade também por aqui. "Devido à rotina atribulada, muita gente já acorda cansada", nota o cardiologista Daniel Pellegrino dos Santos. Adultos, por exemplo, podem ingerir no máximo 2,5 miligramas de cafeína por quilo de peso. Isso significa que uma mulher de 60 quilos precisaria parar nos 150 miligramas. Acontece que, nos energéticos, a quantidade de cafeína varia de 80 até 500 miligramas.

Coração em risco
Quem paga mais caro, geralmente é o coração. A cafeína instiga o sistema nervoso simpático a liberar hormônios estimulantes, como adrenalina e noradrenalina. Algo preocupante, pois essa dupla propicia o aumento da frequência cardíaca e o estreitamento dos vasos sanguíneos, fazendo a pressão decolar. Em sujeitos com problemas prévios nas artérias - muitas vezes silenciosos -, o efeito eventualmente serve como estopim para um infarto ou derrame. O fato de seu coração estar aparentemente livre de enroscos não serve de argumento para abusar das latinhas.

Bebida ácida
A recomendação vale por outras razões, como barrar a gastrite. Isso porque tanto a cafeína como os hormônios excitantes despejados na corrente sanguínea contribuem para a maior produção de ácidos que irritam a mucosa do estômago, o que explica a sensação de queimação. O estado de agitação ainda favorece a ocorrência de tremores involuntários pelo corpo todo, inclusive nas pálpebras. Para piorar, no dia seguinte a tendência é sentir uma espécie de ressaca, com sonolência e tudo mais. Levantamentos também apontam que a coordenação motora e o tempo de reação são afetados, abrindo brecha para acidentes.

A cafeína não está sozinha
Embora a maioria das chateações decorrentes dos energéticos esteja relacionada à presença dessa substância, há prejuízos que se manifestam graças a outras características do líquido. Sua acidez é um exemplo, como registra um estudo da Universidade do Vale do Itajaí. Nele, dentes bovinos, cuja composição é semelhante à dos nossos, foram imersos no líquido durante 15 minutos, quatro vezes ao dia, por cinco dias. O resultado não foi nada positivo. A bebida removeu o cálcio dos dentes e tornou a superfície do esmalte porosa. 

Falta disposição para trabalhar ou assistir às aulas da faculdade ?  Antes de recorrer aos energéticos para encontrar o vigor perdido, que tal se questionar a quantas andam seu sono, sua dieta e a frequência na academia ? É que os três fatores, quando levados a sério, fornecem a energia necessária para você aguentar o corre-corre. Energético ? Só de vez em quando e com moderação.

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